É incrível perceber todo o movimento
dentro de casa antes de ir para a praia, todas as risadas, toda a procura pelo
protetor solar, pelo bronzeador, pelo biquíni ou pela sunga. O “champ” quando
alguém abre a geladeira pra procurar comida ou bebida pra levar pra praia. O
som da chave quando se abre a porta pra sair e o grito de quem está na frente
pedindo pra andar logo, até parece que a praia vai sair do lugar.
O som ritmado das respirações das
pessoas que estão na expectativa de chegar logo na praia, o som dos passos que
faz “papapa” com suas sandálias rasteiras, mais risadas umas mais graves,
outras mais agudas, outras entre essas duas. Mas além dos passos escutasse
gotas é a chuva se pronunciando toda quente e grossa, acabando com a diversão?
Talvez pelos rostos frustrados ou pelos sons fracos dos suspiros. As gotas
lembram para muitos toda essa derrota para muitos daquele grupo sempre acontece
algo de ruim quando a chuva vem, mas não nesse dia, pois a diversão tomou conta
de tudo antes disso. Escutasse sons de passos molhados “slap”, “slap” uma
corridinha rápida sempre ajuda, a chuva também vem para refrescar os dias
quentes.
Finalmente, sons de passos na areia
fofa um som grave e curto, sorriso no rosto gritos de diversão, barulho agudo
de cadeiras abrindo, vozes agudas e graves se misturando, os sons dos pássaros,
o som do mar, é possível dedicar uma página inteiro somente para o som grave
das ondas batendo na praia tem todo um ritual, uma sinfonia, uma composição
escrita nos mínimos detalhes para serem cantadas apenas pela areia junto com os
pés. Penso que às vezes os famosos cantos das sereias podem ser o som das ondas
no mar.
Além disso é possível dedicar nem que
seja uma introdução para as conchas e búzios que essas ondas trazem para a
areia, elas são como se fossem pequenas amostras do som do mar para levar para
casa. Um som agudo quase metálico quando juntas, um som grave quando cai
sozinha na areia, ou tem aquelas que funcionam como um disco gravado do exato
som das ondas batendo na areia.
Fim de praia; saímos da praia, mas ela
não sai de nós. Não só pela areia nas roupas e nos pés, mas pela sensação que o
mar deixa no ouvido, parece até que o ouvido virou uma concha, daquelas que se
ouve o som grave do mar. O som agudo das cadeiras sendo fechadas, as roupas que
resvalam no corpo com seus sons suaves, as risadas de satisfação, o relaxamento
como de um bocejo grave e macio, o som grave e macio de passos na areia.